domingo, 30 de março de 2008

(Fernando Korndorfer, março 2008)

Estou traduzindo um livro sobre o Salmo 23. Quero compartilhar com vocês um pequeno trecho, de autoria de Brennan Manning, que expressa exatamente aquilo que aconteceu comigo há anos atrás e meu coração de alegria, ao ver que Deus se expressa também aos outros como se expressou a mim.

Quando estou em comunhão consciente com a realidade do amor selvagem, apaixonado, inexorável, obstinado, insistente e gentil de Deus por mim, então não se trata de eu ter que, ou precisar, ou ser obrigado, ou dever mudar; repentinamente, eu quero mudar porque sei o quão profundamente sou amado.

Um dos resultados extraordinários da minha conscientização do amor impressionante de Deus por mim do jeito que eu sou, é liberdade de não ser aquilo que eu deveria ser, ou aquilo que os outros querem que eu seja. Posso ser quem realmente sou. E sou um amontoado de paradoxos e contradições: eu creio e duvido, confio e perco a esperança, amo e odeio, sinto-me mal por estar me sentindo bem, sinto-me culpado se não me sentir culpado. Aristóteles dizia que somos animais racionais. Eu digo que sou um anjo com uma capacidade incrível de beber cerveja.

Deus ama o meu eu real. Não necessito ser outra pessoa. Durante 20 anos tentei ser a Madre Teresa. Tentei ser Francisco de Assis. Tinha que ser uma cópia de algum grande santo em vez do eu original que Deus quer que eu seja. O maior erro que posso fazer é dizer para Deus “Senhor, se eu mudar, você me amará, não é?” A resposta de Deus é sempre a mesma: “Um momentinho, você entendeu tudo errado. Você não precisa mudar para que eu o ame; eu o amo afim de que você mude.”

Simplesmente me exponho ao amor que tudo é, e tenho uma confiança imensa, inabalável, despreocupada, intensa de que Deus me ama tanto que vai me mudar e moldar no filho que ele sempre queria que eu fosse.


Em outras palavras, posso me amar como sou, porque Deus me ama assim. Posso descansar das minhas obras para mudar, pois é Ele quem me muda. E, desse modo, é Ele quem recebe a glória, e não eu.