segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Não é suficientemente redentor!

(do original Not Redemptive Enough, de Mike Wells)

"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque suas obras eram más." (João 3:16-19 NVI)

Certa vez li sobre um cristão que foi caluniado num artigo de jornal. Todo o relato era mentira. A reação do cristão foi escrever uma resposta de três páginas ao artigo. Ele rebateu as mentiras com a verdade e questionou o caráter do escritor. A carta estava muito bem escrita. Antes de entregar sua resposta ao jornal, ele pediu que um amigo a lesse. Esperou ansiosamente pelos comentários do amigo em quem confiava. O amigo devolveu a carta e, ao abrir o envelope, viu que na primeira página estavam escritas quatro palavras. Ele me contou que essas quatro palavras o marcaram profundamente; tão profundamente que nunca as esqueceu. As palavras escritas no papel eram: ‘NÃO É SUFICIENTEMENTE REDENTOR!’. O cristão havia esquecido o propósito da nossa interação com o mundo descrente: “a redenção”. O objetivo de Deus é sempre a redenção. Daquele dia em diante, o cristão decidiu que seria redentor em tudo que fizesse e dissesse.

Devo admitir que fico espantado com muitos pregadores e também com os cristãos que os ouvem. “Pois Deus amou ao mundo de tal maneira que deu…” Ele foi libertador. Ele dá e o nosso evangelho (as Boas Novas) centralizam-se naquilo que Deus dá. Não importa como entendamos esse evangelho, Deus se esforçou muito para nos trazer até ele. O que me espanta e que, depois de verem como Ele se esforçou para nos trazer a ele, haja pessoas que vêem a Bíblia como algo que foi escrito para nos afastar Dele! Elas citam continuamente mais e mais passagens da bíblia que são usadas para manipular os cristãos através da culpa, para que se esforcem para ficarem no reino. Contudo, se é Deus quem me trouxe a Si, somente Deus pode me manter Nele. Um africano teve a visão de que iria para o inferno porque havia se apropriado erradamente do dinheiro da igreja. Não estou sugerindo que não fosse pecado aquilo que ele fez. Minha pergunta é a seguinte: “Se apropriar-se do dinheiro nos envia para o inferno, então como é que ficamos fora do inferno?” A resposta óbvia é “não apropriar-se do dinheiro”. No entanto, esta resposta exclui o trabalho de Jesus. Na realidade, o homem, ao testemunhar sobre os horrores do inferno, nunca mencionou Jesus. Bem, ele NÃO FOI SUFICIENTEMENTE REDENTOR! Será que é realmente tão fácil assim sair do Reino? Novamente: “Deus amou o mundo de tal maneira…” Será que Ele amou o mundo e o trouxe para si com tanto esforço, apenas para poder empurrá-lo para longe? A resposta está dentro de nós, e não em Deus. O motivo dele está claramente declarado: o amor. No entanto, precisamos nos fazer a seguinte pergunta: “Nós nos baseamos na lei ou no Amor? É tão fácil ir a Ele e, contudo, algumas pessoas querem que acreditemos que é muito difícil ficar Nele. Isso faz sentido? Tenho uma outra pergunta, porém estamos pregando a graça porque ela é aquilo que queremos crer, mas não conseguimos? Ele veio para nos redimir/libertar. À luz dessa grande verdade, ao ler uma passagem nas escrituras preciso me perguntar: “De que modo essa passagem é libertadora na minha vida?”

Mas agora temos alguns fatos muito duros. Eles são os seguintes. Você e eu CONTINUAMOS a pecar (lembre-se que o pecado assume varias formas, todas elas baseadas no orgulho). E agora, qual é a solução para o pecador habitual? Esta é uma questão que precisa ser respondida. Na minha opinião, há duas maneiras de respondê-la. Podemos tentar e buscar acordo a respeito daquilo em que acreditamos ou a respeito daquele em quem confiamos. Se decidíssemos definir a resposta na área da crença (crer, no Ocidente, geralmente significa concordar intelectualmente) e do entendimento, poderíamos nos posicionar como os legalistas, que crêem na punição e no afastamento de todos aqueles que pecam, com a ameaça de perder os direitos adquiridos pelo nascimento. No entanto, há problemas nesse sistema de crenças. Pois cada pessoa continua em um pecado ou outro até o dia em que for liberto deste corpo de carne. Isso não é uma opinião minha, é um fato. Pois aqueles que se consideram sem pecado, o fazem de acordo com sua própria definição. Se por causa do pecado perdemos os direitos adquiridos no nascimento, então todas as igrejas deveriam fechar as portas, porque não existem membros perfeitos. Seguindo-se a lógica de que, mesmo que seja fácil entrar no reino, e difícil ficar nele, seria melhor termos uma conversão no leito de morte e não dar à carne chance alguma de dominar-nos ou de falharmos.

Repetindo: é um fato que todos os cristãos continuam a cometer um ou outro pecado. Alguns são libertados do cigarro logo que aceitam a Cristo; outros são libertados anos depois. Alguns deixam imediatamente de caluniar; outros o fazem anos depois. Os pecados maiores da glória, orgulho, justiça própria e outros continuam acontecendo por muitos anos. E reiterando a questão: se a posição dos legalistas para com o cristão que cai for mantida, isso não acontece sem risco e sem falhas. Pois é uma tentativa de encontrar um acordo sobre doutrina, sistemas de crenças e passagens bíblicas, e deixar fora aquelas que não se encaixam naquilo que é permitido.
No entanto, existe uma segunda opção de abordagem das nossas falhas pessoais e das falhas dos outros. Podemos procurar respostas no centro, Naquele em quem confiamos. Todas as vezes que eu peco, ao confessar, Ele me diz: “VOCÊ é bem-vindo” e então me chama para mais perto com um outro “VOCÊ é bem-vindo”. Certo homem chegou a dizer para Deus que iria pecar e, no entanto, Ele respondeu “Eu te amo”. O que é que veremos, se olharmos bem dentro dos olhos Dele? Ele não é uma doutrina com regras rígidas e linhas que precisam ser seguidas: ele é amor. O que você vê? Eu vejo aquele que não esmagaria uma planta, que nunca desanimaria alguém, que lava os pés daqueles que falham continuamente. Você precisa decidir em qual lado quer ficar. Isso precisa ser acertado dentro de você, pois se não fizer isso,ficara dividido. Permitir que a doutrina se torne o seu foco causará uma morte natural à medida que você parar de viver para o Cristo no qual você inicialmente encontrou vida, e o resultado final disso é ficar dividido e ser usado.
E então, aos pés de quem você vai ficar? Aos pés da doutrina (a qual freqüentemente é a maneira dos cristãos carnais mudarem a Bíblia entrando pela porta de trás e mudando a palavra por meio de um comentário) ou aos pés do Cristo vivo? Você precisa decidir e acertar isso. Imagine que não existisse Bíblia. Em que você basearia sua vida cristã? Há duas possibilidades: ou ela se basearia em você mesmo, transformaria você em Deus e castigaria você mesmo pelos fracassos, ou se basearia na Graça. O que estou querendo mostrar é que não se consegue definir a questão de como Deus vê os fracassos do cristão, até que decidamos qual será a base para decidir a questão. Aquilo em que você se baseia faz toda a diferença. Decida no que vai se basear e aos pés de quem vai ficar, e então leve as coisas à sua conclusão lógica. Na minha opinião, você ficaria melhor sem as doutrinas dos carnais, que pretendem deixar as pessoas fora do reino, em vez de manter o testemunho Dele e do Seu trabalho através de você. Não deixo que a doutrina passe por cima do Deus vivo. Jesus não fez isso! Lembram-se de Oséias? Vamos definir este ponto. Você vai julgar seu passado, presente e futuro pela doutrina ou vai deixá-lo aos pés do amor encarnado? A decisão é sua. Mas, por favor, tome uma decisão.

No que se refere ao ficar cansado escutando os cristãos fracassados, eu não fico cansado, e jamais ficarei. Essas coisas tem me refinado e, vendo as conseqüências lógicas de basear-se na doutrina e na condenação para encontrar misericórdia, e vendo o sofrimento que acompanha isso, pouparam-me de muita angústia fazendo me tomar a decisão de permanecer aos pés do amor. A maior defesa da minha fé no AMOR e na VIDA está na observação das pessoas que fracassam e depois tentam se levantar novamente debaixo de condenação. Fico chateado que tantas delas fracassam. Elas ainda precisam decidir no que irão basear a sua vida. Se você a basear em algumas poucas passagens que o inimigo e a carne tiram de contexto (fora do contexto da nossa situação) então será necessário parar de ir à igreja ou morrer de ansiedade e pânico. No entanto, caso você enxergue o Amor, tudo isso é apenas o começo de uma grande aventura. Você pode se basear naquilo que você concorda ser intelectualmente correto ou pode se basear na pessoa em quem você confia. A unidade interior nunca entrará em acordo intelectual com as doutrinas do homem. No entanto, entrará em acordo com aquele em quem você confia. E isso é muito libertador!!

Salmos 51:1-4: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões e o meu pecado sempre me persegue. Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me.”

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