(do original He Leads Me Through My Choosing, de Mike Wells)“O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranqüilas; restaura-me o vigor. Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem. Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice. Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto viver.” (Salmo 23:1-6 NVI).
O Senhor é o meu Pastor: que coisa maravilhosa! Ele não é meu General, meu Patrão, ou meu Feitor, exigindo que eu ande atrás Dele com os pés presos por correntes, sempre com medo de sair da linha, tomar a decisão errada ou escolher algo que Lhe seja desagradável. Ele é o Pastor. Ele me dirige. Quando garoto, eu estava certa vez sentado na porta de trás da casa, numa noite enluarada, escutando o meu avô queixar-se das ovelhas. E como não se queixar? Na noite anterior havíamos chegado em casa bem a tempo de ver um coiote iluminado pelos faróis saltar a cerca. Ele tinha uma ovelha nova com a cabeça presa pelos dentes e o corpo dela jogado sobre suas costas. E havíamos passado a noite toda sentados no telhado da casa esperando que os coiotes retornassem. Depois de muitas horas de espera, decidimos fazer uma pausa e entramos na casa para tomar café. Quando retornamos, várias ovelhas já haviam sido mortas sem que nenhum som de alarma fosse emitido pelas ovelhas. Em outra ocasião, fiquei observando espantado enquanto várias ovelhas seguiam umas às outras para dentro do espesso lamaçal de esterco que havia no curral de alimentação, onde passo a passo foram se afundando cada vez mais, até ficarem completamente presas e gritarem por socorro.
Para mim era óbvio que criar ovelhas era um negócio caro, exasperante e frustrante. Meu avô tinha que fazer tudo por elas, e elas eram muito bobas. Certa vez sugeri ao meu avô: “Vô, por que não nos livramos de todas as ovelhas?” Eu pensava que seria elogiado por minha idéia, mas ele imediatamente retrucou: “Ah não, eu gosto delas!” Essa simples frase me revelou que ele era um pastor em seu coração. Eu amava aquele pastor! Pois muitas vezes eu próprio havia descoberto que estava preso, que era bobo e um maria-vai-com-as-outras, e ainda que eu fosse exasperante, frustrante e caro, ele demonstrava esse mesmo coração para comigo.
Agora, se multiplicarmos essa ilustração simples por um milhão, começaremos a ter um vislumbre do coração do Grande Pastor. E como é que somos nós, as ovelhas? As ovelhas seguem alguém naturalmente, e conhecem a voz da pessoa que as protege e supre. Elas podem ser lideradas, ao contrário da maioria dos outros animais, que precisam ser conduzidos. O corpo delas não foi feito para lutar; quando têm problemas, elas simplesmente gritam por ajuda. Elas não têm um plano aparente, e gostam de se espalhar por aí. Um bom pastor não luta contra a natureza da ovelha, mas usa essa natureza; ele entende as fraquezas das ovelhas e completa aquilo que falta. Ainda que as ovelhas possam dormir quando os lobos estão rondando, o pastor não dorme. As ovelhas não têm a mínima idéia sobre os cuidados e as necessidades de amanhã, mas o pastor tem. As ovelhas não têm um plano nem um método para realizar, mas o pastor tem. Em tudo aquilo que as ovelhas são fracas, o pastor é forte.
Qual o valor prático disso para nós, nos dias de hoje? Eu gostaria de aplicá-lo ao processo decisório, visto que a maioria dos cristãos simplesmente não entende a sua fraqueza nessa área ou, conseqüentemente, sua necessidade de que o Pastor seja a sua força. O Pastor tem-nos guiado nos acontecimentos naturais da vida; esta é a Sua função. Ele apenas nos está pedindo que sejamos aquilo que somos naturalmente. Naturalmente não sabemos o futuro, exatamente o quê deveríamos estar fazendo amanhã, ou o lugar exato para onde Ele nos está levando. Se soubéssemos todas essas coisas, não estaríamos andando por fé e, portanto, não poderíamos estar agradando a Ele. Pois “sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hebreus 11:6 NVI)
Mas o que nós fazemos naturalmente? A resposta é diferente para cada pessoa. Eu sei o que eu faço naturalmente: eu escrevo, dou palestras, viajo, discipulo, e faço caminhadas (descobri que presto mais atenção à voz Dele quando estou caminhando lá fora). Ninguém precisa me dizer para fazer essas coisas, pois as fui fazendo naturalmente desde que me tornei cristão. Essa é a minha vida de ovelha atualmente. Para você, pode ser cuidar das crianças, limpar a casa e balbuciar alguns pedidos a Deus nos escassos momentos a sós com Ele, entre as obrigações de mãe e esposa. Pode ser que você vá para o emprego de carro, trabalhe, volte para casa, vá para um segundo emprego, faça uma visita para manter as amizades e, antes de cair na cama, ache um tempinho para abrir as Escrituras.
A coisa mais importante é se você crê ou não crê que Ele o dirigiu a esse ponto. Se você acha que você é responsável pelo lugar em que está, então a descrença tem uma porta de entrada e você vai gastar tempo pensando nos “se”. Eu creio que nas épocas em que estive na escola, em que trabalhei com couro ou na construção civil, quando estive desempregado, fui gerente, faxineiro, cortador de árvore de Natal, mecânico de automóveis, pastor no campus, reformador de casas, pintor ou palestrante internacional, eu estava sempre sendo dirigido! Eu tenho um Pastor e não vou crer em qualquer outra coisa.
Como Pastor, Ele me dirige através do natural. Mas atenção para um segredo! As ovelhas são dirigidas, não sabem para onde vão e no grande pasto elas escolhem a grama que lhes parece mais apetitosa. Ele me dirigiu ao casamento, mas fui eu quem escolheu a esposa. Ele me dirigiu para a escola, mas fui eu quem a escolheu. Ele me dirigiu ao Tennessee, Novo México, Kansas e Colorado através de acontecimentos naturais, mas eu escolhi ir para aqueles lugares. Ele estava dirigindo, eu escolhendo, e eu sempre escolhi a coisa perfeita. Sim, Ele estava me dirigindo através da minha escolha. Hoje Ele me levou a um ministério internacional, e eu posso escolher para onde quero ir. Não há como errar, pois estou no pasto para o qual Ele me dirigiu.
Você consegue enxergar que a decisão é sempre tomada no contexto do pasto dentro do qual Ele o colocou? Ele está dirigindo você para um pasto, e nada há ali que possa causar a sua destruição, de modo que você tem liberdade de escolher qualquer das coisas que enxerga (obviamente não estamos falando do pecado que pode ter invadido o seu pasto). Esta é uma caminhada de fé; se você estiver andando em descrença, nem tente entrar nessa discussão. Um Deus pequeno coloca o peso das grandes decisões sobre os seus ombros, enquanto que um grande Deus coloca sobre você somente o peso das pequenas decisões. A descrença exige decisões trabalhosas, enquanto que um grande Deus facilita as coisas.
Você consegue crer nisso? Não é você quem manda nas suas crenças: são as suas crenças que mandam em você!! Muitas vezes a sua fé será apenas do tamanho de uma moeda, mas você se encontra numa situação do tamanho de um prato. No início, vai querer diminuir o tamanho da situação para fazê-la caber dentro daquilo que você acredita que Deus pode fazer, mas o plano de Deus é que você expanda a sua fé. Você tem um Pastor que o dirigiu ao ponto exato em que você se encontra hoje, portanto hoje você pode escolher a grama que lhe parece melhor. Não acredito que eu alguma vez tenha feito um erro. Isso não quer dizer que eu não tenha pecado, estado errado ou falhado. Porém nunca errei em conhecer a vontade de Deus. Simplesmente reconheço que Ele está dirigindo, daí tomo uma decisão de acordo com aquilo que me parece bom, e então digo: “Pai, eu quero a Sua vontade e não a minha. Eu escolho fazer tal e tal” E, em seguida, começo a agir. Deus tem sido fiel em fechar as portas a tudo que não seja da Sua vontade.
“Acho que não deve ser da vontade de Deus que eu faça aquilo, pois eu tenho vontade de fazê-lo e seria muito divertido.” Esta é uma frase que mostra a descrença da pessoa que a diz. Para começar, quem foi que colocou o desejo em você? Você é realmente tão esperto que conseguiu conjurar sozinho essa vontade de fazê-lo? Já se perguntou por que algumas pessoas gostam de ficar em casa e outras, de viajar? Já se perguntou por que não me incomodo de ficar sem comer e dormir num chão sujo sem aquecimento no inverno? Porque Deus colocou isso em mim. E por que algumas pessoas detestam essas mesmas coisas? Porque Deus colocou isso nelas. Fico contente que Deus colocou na Betty algo diferente daquilo que colocou em mim. Ela prefere ficar em casa porque Deus colocou isso nela! E ela preferir ficar em casa, eu tenho uma base a partir da qual posso viajar. Todas as coisas cooperam umas com as outras, em fé!