sábado, 9 de fevereiro de 2008

Aconselhamento Cristão


( do original Christian Counseling, de Mike Wells)

Há pouco tempo atrás, um irmão em Cristo explicava-nos como a maturidade espiritual deve ser entendida. Seu critério de espiritualidade era algo que tanto eu quanto os demais cristãos presentes nunca tínhamos ouvido falar. Em questão de minutos, estabeleceu-se uma discussão sobre aquele posicionamento. De repente, um dos presentes perguntou algo bem simples: “Onde podemos encontrar seu critério nas Escrituras?” Naquele momento a pessoa que havia iniciado a conversa ficou quieta: não havia nada nas Escrituras sobre aquele posicionamento. Era apenas a opinião dele, sua experiência e como ele sentia. Porém não era uma medida de espiritualidade do Novo Testamento. Se aquilo que estava sendo ensinado fosse essencial para a vida e a maturidade cristã, por que Paulo, João ou Pedro não o mencionaram? Meu ponto é simples: é fácil perder o rumo.

Recentemente observei que a terapia cristã na realidade se tornou uma espécie de denominação, com linguagem própria que o não-iniciado não entende, e com um conceito do homem, um conhecimento e explicações do comportamento humano que geralmente não têm nada a ver com as Escrituras. De fato, seria preciso muito esforço para acompanhar em alguma parte das Escrituras o tema da maioria dos aconselhamentos cristãos. A intenção é de crítica, sim, pois minha oração diária pelo corpo de Cristo é que não sejamos desencaminhados, que continuemos mantendo nossos olhos em Jesus, e que nunca esqueçamos que é a presença Dele que pode nos curar de toda enfermidade. Pode ser que Ele não nos livre das dificuldades, mas Ele nos libertará no meio de cada uma delas. E nisso há uma grande alegria!

Peço a todos os que estiverem lendo este artigo que orem continuamente pelo Ministério Vida Plena. Não quero ensinar experiências: quero ensinar a Cristo. Não quero perdê-Lo de vista enquanto tento examinar e entender os problemas. Atualmente há muito movimento para “sentir a dor” dos outros. Ou seja, que precisamos ser honestos e explicar que temos derrotas, que ficamo com raiva e que muitas vezes coçamos a cabeça de espanto ao vermos bebês morrendo, o crime aumentando e uma miríade de orações não sendo respondidas. Afirmar que essas coisas não são assim, de acordo com aquele movimento, é negação, e negação é ruim. Sim, negar a Deus é ruim, mas negar a si mesmo é bom. Se o “eu” inclui um exame sem fim do passado da pessoa e a focalização nesse passado, então ele deve ser negado.

Fico espantado que tanta gente esteja seguindo terapeutas que admitem constante derrota, têm falta de entendimento, assustam-se com Deus, são infelizes e têm esperança de que as coisas melhorem apenas no céu. Eles não poderão levar alguém para onde eles mesmos não foram. Alguns deles chegaram ao ponto de rotular como falsos profetas a qualquer um que se atreva a ensinar que as coisas podem melhorar já na presente vida. Pergunto novamente: “Onde se ensina nas Escrituras que este ensino é falsa profecia?” Ser derrotado a vida inteira pode ser a vivência do terapeuta, mas esse tipo de experiência durando uma vida inteira não está nas Escrituras. Ainda mais impressionante é que essa abordagem aberta seja considerada intelectual e espiritual. Sim, eu tive épocas de derrota, de crise pessoal e financeira, de muitos sobressaltos no passado. Contudo, a vida tem ficado progressivamente mais livre, mais fácil, agradável, quieta, pacífica e feliz. Todas as provações passam primeiro pela mão de Deus e são planejadas, necessárias, e trazem com elas um grau de amadurecimento. Não mais fico espantado coçando minha cabeça ao olhar para a vida cristã. Pelo contrário, mal posso pelo dia de amanhã para ver o que ele tem para oferecer.
Quando eu era criança, podia ficar bravo com Deus, dar desculpas e tentar fazer com que a minha derrota parecesse ser a experiência cristã normal. Mas não é. Aquilo era imaturidade. As Escrituras falam de épocas difíceis (1 Coríntios 4; 2 Coríntios 4). Porém fala muito mais de alegria. Jesus deixa claro que veio para que tenhamos alegria, paz e vitória, e sejamos mais que vencedores, cheios do Seu espírito, com poder sobre as forças das trevas. Paulo, Pedro, João e Lucas falam a mesma coisa. Há um caminho que desce até a cruz, no qual aprendemos a desistir do nós mesmos (e até do auto-exame). Mas também há o caminho que sobe a partir da cruz, no qual aprendemos a confiar em Jesus intrinsicamente, onde a vitória diária e a alegria são o prato principal do dia no meio de todas as circunstâncias.

Quando alguém me ensina algo, quero que ele tenha estado lá onde eu estou indo, e não onde eu já estive! Não quero alguém que “sinta a minha dor”. Já basta que eu a sinta!! Eu preciso saber o caminho para além da dor. Como é que chego lá. Quando me aproximo e sigo Aquele que passou pela dor e saiu do outro lado livre e vitorioso, a história Dele se tornará a minha história.

Quando Jesus apareceu aos discípulos depois de crucificado, a prova do Seu poder ressurreto eram as marcas da morte. Sem morte não há vida! Mas a morte não é sem sentido: há uma vida que vem depois da morte. “Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto.” (João 12:24). Observe o “muito fruto”. Ensinar que a vida cristã nesta terra é uma existência infeliz é a negação do ensino básico cristão. Mais do que isso: é puro e simples budismo. Dizer que precisamos entender todas as nossas feridas antes de seguir em frente é gnosticismo e mais negação. Muitas pessoas olham para os ensinamentos de Cristo e, se não tiverem experimentado a liberdade Dele, mudam os conceitos para adaptá-los à sua própria experiência.

A resposta é tão simples.... Gaste trinta minutos lendo o Salmo 139, fique quieto, deixe que o Deus vivo fale com você, e você descobrirá que é um vencedor. Paulo cantava na prisão. A palavra salvação no Novo Testamento refere-se a hoje, e não ao futuro. Para entrar no céu precisamos nascer de novo, mas a salvação é para hoje. Não deixe que ninguém lhe roube isso. Nós “estamos sendo salvos” HOJE (1 Cor 1:18). Isso está nas Escrituras. Não se conforme com uma vida medíocre quando uma vida abundante pode ser recebida tão facilmente. Se a solução para ser livre estiver no quanto você consegue entender – e os últimos 25 anos de terapia cristã produziram esse veredito – então você não pode ficar livre. Mas se Deus dá liberdade ao homem fraco que pedir em nome de Jesus, essa liberdade pode ser sua. Nunca permita que a alegria se torne difícil ou que seja de uns poucos escolhidos: ela foi feita para você!

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