sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Casamento, sexo e unidade


(do original Marriage and Oneness, de Mike Wells)

"Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. (I Coríntios7:5 NVI).

Eu estava ouvindo uma mulher que tinha um testemunho fora de série. Ela tinha se envolvido com drogas, foi lésbica e participou de uma gangue. Algumas irmãs em Cristo estavam discutindo sobre sexo e casamento, quando ela falou subitamente, "Muitas vezes não quero ter sexo com meu marido, mas eu o faço! Eu o faço por que quero proclamar para Satanás, 'Você não ficará entre eu e meu marido'! Eu quero proclamar, 'Nós somos um', não importa o que o inimigo diga e quero que Deus saiba que creio Nele, que o que ele juntou, ninguém separará". Meu espírito deu um salto no meu interior. Eu me inclinei para ela e lhe dei um abraço, anunciando para o grupo, "Eu creio nela". Sexo no casamento é uma proclamação de que somos um, nada mais importando.

Conforme mencionei antes, há diversos problemas no casamento, mas cada problema é separado dos outros. Nós nos impedimos de encontrar uma resposta para um problema quando os juntamos todos. Há muito mais problemas no casamento do que sexo, mas este é o problema sobre o qual este artigo versa.

Gosto de viajar, mas detesto transportar bagagem de um país para o outro. Dessa forma, com o passar do tempo, carrego cada vez menos bagagem. Nas viagens tive algumas experiências horríveis. Lembro-me de viajar pela Amazônia, sendo envenenado pela água local e crendo que iria morrer. Se sou convidado a falar em algum lugar do mundo, devo recusar porque uma vez fiquei doente em uma viagem? Quanto eu perderia com isso? Eu poderia ter uma péssima experiência e simplesmente desistir de viajar, mas em vez disso, deixei que as más experiências tornassem-me um melhor viajante.

Cada viagem é em evento individual vinculado a viagens anteriores apenas por aquilo que aprendi com experiências passadas que melhoram minha jornada atual. Após muitos anos de viagens, aprendi o que funciona e o que não funciona. Algumas viagens internacionais mal eram toleráveis, mas gostei muito das pessoas com as quais me encontrei; elas contribuíram para comigo e eu para com elas. Algumas viagens internacionais foram regulares; digamos que eu as fiz. Mas gostei muito dos irmãos e irmãs com quem me encontrei no final da viagem e daqueles com quem viajei. Algumas viagens foram extraordinárias. Eu fui colocado na primeira classe, em que as poltronas se reclinam e as pessoas me chamam de "Senhor". Eu relaxei completamente, mas o que eu mais me lembro eram aquelas pessoas que eram o objetivo da viagem.

Qualquer viagem é tolerável porque para mim, a viagem não é o objetivo, mas quem está no final da viagem. Sexo no casamento é como uma viagem em três áreas. Primeiro, os casais descobrirão que o sexo é mais agradável com pouca bagagem. Alguns casais levam tanta bagagem do passado para o quarto, que sobra pouco espaço para eles mesmos. Segundo, cada experiência deve ser construída a partir da última experiência. Terceiro, a pessoa é mais importante do que a viagem.

Primeiro, comece com pouca carga. Muitos quartos estão atulhados de bagagem do passado - mágoas relacionadas ao sexo. Sexo, que deveria estar associado ao prazer, tornou-se sinônimo de sofrimento. Uma experiência impressionante anterior foi mal distorcida, seja por abuso, estupro pelo parceiro, mau desempenho, insinuações, pornografia, comparações ou simplesmente por ter sido levado a não sentir-se atraente. Todas essas emoções e experiências do passado podem tornar-se uma carga pesada. É uma pena que essas coisas ocorram, mas é trágico quando elas continuam a controlar a nossa vida atual.

Qualquer problema relacionado com os sentidos ou desejos naturais recebe atenção especial. Por que? É impossível seguir em frente e nunca mais ter que lidar com o problema novamente. Lembro-me de um colega que tinha uma obsessão relacionada com água. Ele tinha de passar o dia todo, mesmo os dias mais quentes, sem beber água, senão bebia em excesso e até poderia se afogar. O problema era: aonde ele podia ir para escapar da tentação de tomar um copo de água? Conforme você pode ver, os problemas que lidam com a natureza apresentam problemas singulares. O desejo sexual é parte da natureza; a sexualidade faz parte da humanidade, de modo que ao tentarmos fugir dela, fugimos de nós mesmos. Dizer a uma pessoa para esquecer-se de todas as experiências ruins associadas ao sexo e depois dizer-lhe para ter mais sexo, freqüentemente a colocará frente às emoções que ela está tentando evitar.

O problema está em saber participar sem arrastar consigo as emoções passadas. Primeiro, é preciso constatar que o mundo fez um bom serviço ao vender o sexo como o centro da vida. A experiência sexual, conforme descrita pelo mundo, é tão irreal quanto fotos retocadas/melhoradas de modelos.

Segundo, o medo de desempenho ruim provocará ansiedade e desempenho ruim. Permitimos que o medo entre, e ele precisa ser convidado a se retirar. O medo do sexo não pode ser tratado com pensamentos obsessivos. Decisões do tipo "Eu não devo pensar em sexo" não nos fazem parar de pensar nele, pois ao dizermos isso para nós mesmos, já estamos pensando sobre sexo. Comece todas as manhãs com cada pensamento sobre sexo sendo levado cativo a Cristo. Como? Quando o medo surge, deve-se mudar completamente de pensamento, dizendo à mente, "Não vou lá; recuso-me a pensar nisso". Ao buscarmos o Senhor para permitir isso, é realmente possível ter o centro da vida em algo diferente de sexo. Também é possível reduzir as expectativas quanto a sexo, ao mesmo tempo em que se mantém as expectativas para com o cônjuge.

Terceiro, reconheça que a vida que foi ferida, foi sepultada com Cristo. É impossível mudar o passado, mas ele pode ser sepultado. O sepultamento é um ato de fé. Ao longo do dia, à medida que as dúvidas quanto à capacidade de desempenho surgirem, fale alto, "Creio que fui crucificado com Cristo".

Isso nos leva ao segundo aspecto da jornada do sexo. Cada nova experiência é construída sobre experiências de aprendizagem passadas. As más experiências não devem afastar um casal da intimidade, mas ao contrário, dar ao casal algo sobre o qual construir. Não há necessidade de que um casal fique obcecado em relação ao que ocorreu de errado no início do casamento. Não estão mais no início do casamento; eles estão no presente. Podem aprender com o que não agradou e não repetir o erro. Tudo na vida é instrutivo para o crente quanto ao que é o Caminho e o que não é.

Finalmente, o objetivo mais importante da jornada sexual não é o estímulo físico; ao contrário, é a pessoa. Para a mulher mencionada acima, que disse que fazia sexo com seu marido para que Satanás não se interpusesse entre eles, o sexo não era o problema, mas o objetivo era manter sua fé e seu marido. Sexo destina-se à unidade e à aceitação que acompanha a unidade no casamento. Fazer do sexo o objetivo é autofrustrante e, como conseqüência, traz menos satisfação. Por que? Quando o sexo é o objetivo, o parceiro percebe que ele é cada vez menos o objetivo e cada vez mais o objeto, a rejeição estabelece-se e ninguém fica satisfeito. Quando a pessoa é o objetivo, os intervalos entre o sexo são muito mais prazerosos, de forma muito similar ao que uma pessoa obesa disse a um homem magro, "Eu gosto demais das minhas refeições para viver como você". Ao que respondeu o homem magro: "Mas eu aprecio os intervalos entre as refeições muito mais do que você"! Ele fez uma ótima observação, pois quando a comida é o objetivo da vida, como vamos apreciar a maior parte do tempo que não estivermos comendo? A pessoa que encontra satisfação em viver "o intervalo" é feliz na maior parte do tempo. Quando o intervalo é o objetivo da afeição, então não somente a vida sexual é apreciada, como também há mais prazer onde despendemos a maior parte do tempo de nosso relacionamento.

Sexo não pode ser o objetivo. A mulher que queria proclamar a Satanás que ela era uma com seu marido, tinha feito da unidade o objetivo e se o sexo ajudava a proclamar isso, então assim seria. Para ela, a viagem a levou a um local maravilhoso!

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